Ilhéus, a cidade preferida de Jorge Amado, ganhou uma exposição imperdível - Costa do Cacau. Seu litoral, o mais extenso dos municípios baianos, foi esmiuçado e clicado pelas lentes de Fred Schiffer, um fotógrafo muito talentoso e amigo (e ex-chefe!) muito querido.
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Exposição Costa do Cacau - Foto de Fred Schiffer |
Inaugurada no dia 8 de junho, a exposição traz 29 fotografias sobre a Costa do Cacau, uma extensão de cerca de 180km entre Itacaré e Canavieiras, onde a natureza foi abençoada com rios margeados por fazendas de cacau, manguezais, coqueiros encravados na Mata Atlântica e praias selvagens. A arquitetura colonial dos séculos XVIII e XIX permanece preservada, fazendo-nos viajar para o período em que a produção e exportação de cacau eram a principal atividade da nossa economia.
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Exposição Costa do Cacau - Foto de Fred Schiffer |
No ano em que celebramos o centenário de Jorge Amado, a exposição também retrata o imaginário do escritor baiano, que tem Ilhéus como principal cidade para suas obras. O trabalho do Fred foi elogiado até por Paloma, filha de Jorge Amado: “Seu trabalho fotográfico é belíssimo e mostra um lugar que mesclava o que de bom e ruim havia naquele período referido nas principais obras literárias de papai, lá em Ilhéus”.
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Exposição Costa do Cacau - Foto de Fred Schiffer |
O Fred gosta de ousar, e tem um espírito aventureiro que o levou à Cuba, Peru, Amazônia, Jalapão, Chapada dos Guimarães e dos Veadeiros, Monte Roraima, sem deixar de passar por Nova York. Mas sua paixão mesmo é a Bahia, reforçada por essa exposição muito especial, que está no Teatro Municipal de Ilhéus.
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Exposição Costa do Cacau - Foto de Fred Schiffer |
Todas as fotos da exposição foram fruto de uma viagem em família; e a filhota deles também herdou o gosto pela fotografia e tem muito talento! Durante o tempo em que trabalhamos juntos, tentei absorver suas dicas, ouvir suas experiências, e foi então que nasceu em mim uma grande paixão pela fotografia.
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Exposição Costa do Cacau - Foto de Fred Schiffer |
UM POUCO MAIS SOBRE FRED SCHIFFER
Fred Schiffer, 48, ganhou sua primeira máquina fotográfica aos nove anos como pagamento do pai, topógrafo, por ter ajudado na abertura de trilhas do Rio até a Bahia. No lugar do carona de um jipe Willys 67, era responsável por cuidar dos equipamentos de topografia, facões, barracas e da comida. Com esta 110mm começou a registrar as viagens e tudo o que uma criança da cidade jamais poderia ter a oportunidade de ver.
Aos 14 anos já trabalhava e com o dinheiro do salário investiu em vários cursos de fotografia. Aos 16 foi trabalhar com o repórter Luiz Carlos Issa no jornal Última Hora. Por conta dos pesadelos com as imagens dos corpos baleados, trocou a rua pelo estúdio do fotógrafo argentino Sergio Nieto. Passou a fotografar modelos, produtos e desfiles. Foi professor de fotografia, executivo da Warner, da Disney e do Telecine. Ao mesmo tempo começou a investir nas viagens e na fotografia como projeto para a vida.
A primeira viagem foi para Abrolhos, seguida de aventuras na Chapada Diamantina e em São Gabriel da Cachoeira, situado no extremo noroeste do Amazonas. A área do lugar é maior do que a do estado de Alagoas. A bordo de uma voadeira (barco de alumínio com um motor potente) percorreu as comunidades ribeirinhas do Rio Negro. Nesta viagem, escalou e fotografou o Pico Cucuí. Teve contato com as Farc quando foi abastecer o barco na margem colombiana onde o combustível é mais barato. Registrou ainda os lagos desta parte alta do Rio Negro, sempre passando as noites em sacos de dormir. Desta viagem sobrou a lembrança de ter remado uma canoa indígena e afundado com todo o equipamento e comida.
A viagem para a região nordeste de Goiás, para a Chapada dos Veadeiros, incluiu Alto Paraíso no mês e ano em que se acreditava que o mundo fosse acabar e essa seria uma das únicas localidades a permanecer. O registro desta viagem contém todas as trilhas cheias de cristais reluzentes, fato que fez a Nasa solicitar ao Brasil uma explicação desta quantidade de luz detectada pelos satélites. Nesta expedição, Fred teve contato íntimo com o cerrado: entrou de cabeça numa árvore com um galho que atravessou o couro cabeludo. Como o guia era experiente, jogou na hora álcool com arnica.
Em 2000 seu destino foi o Jalapão, em Tocantins, uma das regiões mais inóspitas do país e com baixa densidade demográfica, o que gera longos percursos sem se avistar viva alma. A única pousada da região é de luxo, não por uma razão turística, mas porque ali era um dos esconderijos do traficante Pablo Escobar. Além da paisagem, Fred registrou um acidente ecológico: um incêndio no Parque Nacional do Jalapão que transformou a flora e fauna de forma irreparável. Outra dificuldade aconteceu em 2004, quando grileiros o viram fotografar a região da Chapada dos Guimarães. Ficou a imagem da falta de fiscalização em 2.518 km² de área de proteção ambiental.
Sua última viagem resultou na exposição "Monte Roraima, a montanha sagrada", com registros de sua visita a comunidade indígena de Paraitepuy, localizada no Parque Nacional Gran Sabana, Venezuela, e a subida até mais de 2.700 mil metros de altitude. A região é única também em relação à flora e fauna, exaustivamente registradas por Schiffer, que teve o pé quebrado numa das fendas do Monte. Com uma tala foi possível continuar o trabalho: "Foi inacreditável, a ponto de pensar que o respeito à montanha estava escrito há milênios. Não tinha como interromper o meu projeto apesar da dor. Fotografei as imagens que os deuses permitiram”, conclui.
Outras viagens registradas pelo fotógrafo foram “Havana, Cuba” (exposição que correu as Unidades da Universidade Unigranrio em 2007/2008 e o Carioca Shopping - RJ), “Nova York” (Rio Design Center Leblon 2010 - RJ), “Peru” (Forte de Copacabana - 2009 - RJ) e “Nuvens da Amazônia” (exposta nas Unidades de Universidade Unigranrio em 2006, Bangu Shopping e o Carioca Shopping - RJ).
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Exposição Costa do Cacau, de Fred Schiffer
Teatro Municipal de Ilhéus – Praça Pedro Matos, s/nº - Centro - Ilhéus/ BA
De 8 até 29 de junho - de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.
Entrada gratuita
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