Ilhéus | A alegria de pisar em uma fazenda de cacau pela primeira vez

Eu costumo dizer que tenho o melhor trabalho do mundo: viagens e chocolate! Fala sério... tem coisa mais gostosa do que viajar e comer chocolate? Ops... no meu caso, "fazer" chocolate! E como uma pessoa que trabalha com esse que é considerado o alimento dos deuses, nada mais sonhado do que conhecer a origem de tudo, ou seja, uma fazenda de cacau. 

Durante muito tempo alimentei o desejo de voltar à Ilhéus, na Bahia, não mais apenas com o olhar de turista, mas com o olhar atento e curioso de quem se interessa verdadeiramente pelo assunto. Eu sou uma apaixonada pelo mundo do chocolate, não precisa me conhecer muito para perceber. E sempre procurei entender e estudar muito sobre o meu trabalho, ir bem além da degustação. E para dar vida a tudo isso nada melhor do que aliar a essa sede de conhecimento uma deliciosa viagem a Ilhéus, a terra do cacau - e também do chocolate! E o período escolhido para isso foi durante o 7º Festival Internacional do Chocolate e Cacau, um evento que apresenta toda a cadeia produtiva do cacau ao chocolate.

- Conhecendo a Fazenda Riachuelo -

A Fazenda Riachuelo é um lugar mágico, onde podemos ver de perto todas as etapas de produção desde o cultivo do cacau até a embalagem. Lá ganham vida os chocolates da marca Mendoá, que se destacam pelo elevado percentual de cacau em sua formulação. Na ocasião da minha visita, a Mendoá lançou sabores como chocolate 60% cacau com gengibre, 99% Nigro (praticamente um remédio!), 70% cacau com pimenta e 80% cacau com nibs, que são as amêndoas do cacau trituradas, torradas e incorporadas ao chocolate, proporcionando uma agradável crocância.

#comitudo

- Muito prazer, cacau -

Fomos gentilmente recebidos por Raimundo Mororó (ou simplesmente "seu Mororó"), gerente da fábrica de chocolates. Ele nos acompanhou do início ao fim, explicando tudo pacientemente. Antes mesmo de ver o cacau preso aos troncos das árvores, protegidos à sombra da Mata Atlântica (a esse sistema de plantio dá-se o nome de cabruca), é possível ver centenas de frutos já colhidos, dispostos em caixotes prontos para serem lavados.

Aqui nesta sala o aroma é incrível (e inesquecível), e os funcionários, muito atenciosos, deixam a gente provar na hora essa delícia que também é a polpa do cacau.

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Após a lavagem, o cacau é "quebrado" e é feita a cuidadosa retirada das amêndoas, como são chamadas as "sementes" do cacau.

Qualquer corte de facão já descarta na hora a amêndoa machucada, é um processo extremamente rigoroso, pois esse é um cacau fino, de origem controlada, e que dará origem a um chocolate também fino, ou "chocolate tropical premium", como eles denominaram. É um cuidado semelhante ao que recebem os vinhos, considerando o "terroir" de cada região e por aí vai...

Após a quebra as amêndoas passam pelo processo de fermentação, uma etapa fundamental na formação do sabor e do aroma do chocolate. Essa fermentação acontece em "cochos" de madeira cobertos, onde as amêndoas são revolvidas durante o período em que ficam lá.

Cochos de fermentação

Para checar se todas as etapas da fermentação estão acontecendo corretamente, é feito o corte de uma amostra com 300 amêndoas, que devem apresentar uma cor ligeiramente marrom.

Tábua de avaliação das amêndoas

Em seguida as amêndoas seguem para o processo de secagem, e foi aí onde um pude ter um dos registros mais lindos dessa minha viagem. 

Cacau, te amo!

Após as explicações iniciais, seu Mororó nos conduziu às plantações de cacau nos fundos da fábrica, onde pude sentir de perto, pela primeira vez, a energia da Mata Atlântica que produz o cacau, esse fruto que percorre um loooongo caminho até se transformar no tão famoso - e amado - chocolate. Que emoção, gente!

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Mata Atlântica do Brasil sil sil

Difícil escrever este texto sem sentir a mesma vibração daquele momento. Posso fechar os olhos e lembrar novamente do barulho dos meus pés pisando as folhas secas do cacaueiro caídas no chão, bem como lembrar da alegria do meu olhar ao avistar os primeiros frutos. Que felicidade poder viver este momento!

Mas nem tudo foi só alegria. A vassoura-de-bruxa foi um fungo devastador que dizimou as plantações de cacau no final da década de 1980, e eu pude ver de perto os frutos que não escaparam desta praga. Hoje a lavoura cacaueira ainda não está 100% livre dela, mas é tudo mais controlado.

Os frutos pequenos e escuros foram atingidos pela vassoura-de-bruxa

- Uma fábrica de chocolates como deve ser -

Esqueça Gramado, Penedo ou Campos do Jordão... aqui a brincadeira é séria, ou pelo menos mais completa. Pela primeira vez eu pude ver, de verdade, toda a cadeia produtiva do cacau ao chocolate, passando também pela embalagem.

Moça, me dá unzinho?

Não são apenas aquelas máquinas com chocolate escorrendo e fazendo todo mundo babar não. Aqui a gente vê a amêndoa do cacau sendo processada, recebendo outros ingredientes até chegar ao chocolate. E você aí achando que era só derreter e colocar no molde, né?

Toda a fábrica possui corredores envidraçados, onde podemos ver tudo acontecendo ao vivo. E mesmo não tendo contato com as salas de produção, precisamos nos... transformar!

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Todo o glamour da profissão... #sqn

Aqui se planta, aqui se faz... e foi assim que eu conheci uma outra Ilhéus, aquela que vem mostrando ao mundo que não é apenas produtora de cacau, mas que detém conhecimento e capacidade para produzir chocolate de excelência e ganhar respeito, espaço e romper fronteiras, principalmente a do preconceito. O chocolate brasileiro vai longe, eu nunca tive dúvidas disso, e eu quero ver de perto tudo isso acontecer! :)

* Agradeço à  Lívia Cabral pelo convite para participar da Press Trip do Festival. Foi inesquecível!

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Fazenda Riachuelo - Fábrica Mendoá Chocolates
Rodovia Ilhéus - Uruçuca, Km 15 - a 20 Km do centro de Ilhéus/ Bahia
Tel: (73) 3633-6899
www.mendoachocolates.com.br

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