23 maio 2016

São Paulo | Museu Afro Brasil: a pérola negra do Parque Ibirapuera

Nos últimos anos as minhas viagens a São Paulo tornaram-se mais frequentes, mas cada vez que eu voltava de lá me sentia meio frustrada por nunca conseguir conhecer o tão falado Parque Ibirapuera. Na minha última viagem finalmente eu consegui pisar naquele lugar lindo (e que merece uma visita com mais tempo), mas eu também conheci a pérola negra que ele guarda entre suas árvores: o Museu Afro Brasil.


O museu foi fundado em 2004 por Emanoel Araujo, um artista plástico baiano que, dentre dezenas de outras realizações, dirigiu por uma década um dos meus museus favoritos de Sampa: a Pinacoteca do Estado. Emanoel também é o curador do Museu Afro Brasil, e doou cerca de 2000 obras de sua coleção para somar ao acervo do local.

Exposição "Devoção", com fotografias de Rodrigo Koraicho: registros marcantes

Prepare as pernas! São mais de 6 mil obras expostas em 11 mil metros quadrados de museu. Um acervo super rico e organizado que, entre exposições permanentes e temporárias, conserva esculturas, pinturas, fotografias, gravuras e muita, muuuuuita história.



Recomendo fortemente agendar uma visita guiada. O museu ganha mais vida quando é explicado por quem entende cada cantinho daquele espaço. Minha visita foi guiada pela Amanda Carneiro, que me surpreendeu com seu conhecimento e, principalmente, pela sua memória. O museu tem muuuitas peças e histórias, e ela sabia explicar tu-do, parecia que 'morava' ali há anos! :)


A visita é um mergulho pelos universos culturais africano e afro-brasileiro, passando por temas como: religião, arte, trabalho e escravidão... e como tudo isso influenciou na construção da nossa sociedade.


Um conselho: antes de entrar, deixe na porta todo o seu preconceito. Guarde sua religião no cantinho do seu peito, e esteja aberto para conhecer e compreender, por exemplo, a origem da umbanda (religião 100% brasileira), do candomblé e dos santos católicos. É muito interessante, mas tem que entrar 'desarmado', me entende? Porque é esse o papel de um museu, fazer com que a gente conheça e estude algo que pode ser completamente novo. E é esse o convite que o Museu Afro Brasil nos faz: entre, conheça, compreenda, e se surpreenda! Livre de rótulos, julgamentos e ideias pré-concebidas.


E por falar em 'supreender-se'... essa é a palavra que cabe para explicar quando entrei em uma sala escura e, com uma música de fundo, me deparei com a carcaça de um navio negreiro encontrada na Bahia.



Naquele momento meus olhos se encheram d'água; é forte demais entrar ali, não dá pra explicar. E mais forte ainda foi ver uma fotografia de pessoas sendo escravizadas na década de 1980, isso mesmo, menos de 40 anos atrás. Foi chocante.


O museu tem corredores largos, vãos livres e espaços abertos criando diálogos entre o ambiente e as exposições. A ideia é justamente essa: abrir campo para o diálogo.


E foi justamente isso que me surpreendeu na "Exposição Louça Fina", de Fernando Ribeiro, por exemplo. Objetos simples e baratos, criativamente organizados, que instigam o pensamento e o olhar sobre o que é arte. Provoca reações, estimula o olhar crítico, faz pensar... inquieta quem vê. A arte pode ser produzida com tudo? O que é arte pra você? 

Pratos de papelão, bonecos... arte!
Que tal tocar em uma obra, senti-la com as mãos, e não só 'com os olhos'? Achei incrível essa parte do museu, e completamente inclusiva também. Objetos táteis em diálogo com a obra: sensacional! Me fez lembrar quando visitei a Disney lá pelos meus 12 anos e me deparei com uma menina deficiente visual. Na minha imaturidade infanto-juvenil, eu pensei: que graça tem a Disney pra ela, se ela não consegue ver nada? Mas hoje eu entendo: sentir pode ser muito mais interessante do que 'apenas' ver; provoca sensações que mexem com o nosso interior e a nossa imaginação.

Repare na "obra tátil" sobre a mesa vermelha

E aí, pronto para uma imersão na nossa cultura? Esse não é apenas o museu do negro, mas o museu do Brasil a partir da perspectiva do negro africano, que mostra também como a escravidão influenciou a nossa vida e o nosso cotidiano. Lá a gente descobre que todos nós temos um "quê" de africano: a forma de falar, a comida que comemos, as roupas que usamos, a forma como festejamos, nosso comportamento e por aí vai. Reserve pelo menos 2 horas do seu roteiro paulista e se jogue nesse mar de história, da nossa história, das nossas raízes!

Vivi, obrigada pela companhia! :)


* Visitei o Museu Afro Brasil a convite da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, mas minha opinião é isenta e reflete minha experiência real durante a visita.

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Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - São Paulo/ SP
Parque Ibirapuera - Portão 10 (acesso pelo portão 3)
Tel: (11) 3320-8900
www.museuafrobrasil.org.br
Horário de funcionamento: de terça-feira a domingo, das 10h às 17h, com permanência até as 18h
Ingressos: R$ 6 - entrada gratuita aos sábado
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* Informe-se sobre as oficinas de artes
** Recebeu em 2014 o Certificado de Excelência do Trip Advisor
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