Nos últimos anos as minhas viagens a São Paulo tornaram-se mais frequentes, mas cada vez que eu voltava de lá me sentia meio frustrada por nunca conseguir conhecer o tão falado Parque Ibirapuera. Na minha última viagem finalmente eu consegui pisar naquele lugar lindo (e que merece uma visita com mais tempo), mas eu também conheci a pérola negra que ele guarda entre suas árvores: o Museu Afro Brasil.
O museu foi fundado em 2004 por Emanoel Araujo, um artista plástico baiano que, dentre dezenas de outras realizações, dirigiu por uma década um dos meus museus favoritos de Sampa: a Pinacoteca do Estado. Emanoel também é o curador do Museu Afro Brasil, e doou cerca de 2000 obras de sua coleção para somar ao acervo do local.
Prepare as pernas! São mais de 6 mil obras expostas em 11 mil metros quadrados de museu. Um acervo super rico e organizado que, entre exposições permanentes e temporárias, conserva esculturas, pinturas, fotografias, gravuras e muita, muuuuuita história.
Recomendo fortemente agendar uma visita guiada. O museu ganha mais vida quando é explicado por quem entende cada cantinho daquele espaço. Minha visita foi guiada pela Amanda Carneiro, que me surpreendeu com seu conhecimento e, principalmente, pela sua memória. O museu tem muuuitas peças e histórias, e ela sabia explicar tu-do, parecia que 'morava' ali há anos! :)
A visita é um mergulho pelos universos culturais africano e afro-brasileiro, passando por temas como: religião, arte, trabalho e escravidão... e como tudo isso influenciou na construção da nossa sociedade.
Um conselho: antes de entrar, deixe na porta todo o seu preconceito. Guarde sua religião no cantinho do seu peito, e esteja aberto para conhecer e compreender, por exemplo, a origem da umbanda (religião 100% brasileira), do candomblé e dos santos católicos. É muito interessante, mas tem que entrar 'desarmado', me entende? Porque é esse o papel de um museu, fazer com que a gente conheça e estude algo que pode ser completamente novo. E é esse o convite que o Museu Afro Brasil nos faz: entre, conheça, compreenda, e se surpreenda! Livre de rótulos, julgamentos e ideias pré-concebidas.
Um conselho: antes de entrar, deixe na porta todo o seu preconceito. Guarde sua religião no cantinho do seu peito, e esteja aberto para conhecer e compreender, por exemplo, a origem da umbanda (religião 100% brasileira), do candomblé e dos santos católicos. É muito interessante, mas tem que entrar 'desarmado', me entende? Porque é esse o papel de um museu, fazer com que a gente conheça e estude algo que pode ser completamente novo. E é esse o convite que o Museu Afro Brasil nos faz: entre, conheça, compreenda, e se surpreenda! Livre de rótulos, julgamentos e ideias pré-concebidas.
E por falar em 'supreender-se'... essa é a palavra que cabe para explicar quando entrei em uma sala escura e, com uma música de fundo, me deparei com a carcaça de um navio negreiro encontrada na Bahia.
Naquele momento meus olhos se encheram d'água; é forte demais entrar ali, não dá pra explicar. E mais forte ainda foi ver uma fotografia de pessoas sendo escravizadas na década de 1980, isso mesmo, menos de 40 anos atrás. Foi chocante.
Naquele momento meus olhos se encheram d'água; é forte demais entrar ali, não dá pra explicar. E mais forte ainda foi ver uma fotografia de pessoas sendo escravizadas na década de 1980, isso mesmo, menos de 40 anos atrás. Foi chocante.
O museu tem corredores largos, vãos livres e espaços abertos criando diálogos entre o ambiente e as exposições. A ideia é justamente essa: abrir campo para o diálogo.
E foi justamente isso que me surpreendeu na "Exposição Louça Fina", de Fernando Ribeiro, por exemplo. Objetos simples e baratos, criativamente organizados, que instigam o pensamento e o olhar sobre o que é arte. Provoca reações, estimula o olhar crítico, faz pensar... inquieta quem vê. A arte pode ser produzida com tudo? O que é arte pra você?
Que tal tocar em uma obra, senti-la com as mãos, e não só 'com os olhos'? Achei incrível essa parte do museu, e completamente inclusiva também. Objetos táteis em diálogo com a obra: sensacional! Me fez lembrar quando visitei a Disney lá pelos meus 12 anos e me deparei com uma menina deficiente visual. Na minha imaturidade infanto-juvenil, eu pensei: que graça tem a Disney pra ela, se ela não consegue ver nada? Mas hoje eu entendo: sentir pode ser muito mais interessante do que 'apenas' ver; provoca sensações que mexem com o nosso interior e a nossa imaginação.
E aí, pronto para uma imersão na nossa cultura? Esse não é apenas o museu do negro, mas o museu do Brasil a partir da perspectiva do negro africano, que mostra também como a escravidão influenciou a nossa vida e o nosso cotidiano. Lá a gente descobre que todos nós temos um "quê" de africano: a forma de falar, a comida que comemos, as roupas que usamos, a forma como festejamos, nosso comportamento e por aí vai. Reserve pelo menos 2 horas do seu roteiro paulista e se jogue nesse mar de história, da nossa história, das nossas raízes!
Vivi, obrigada pela companhia! :)
* Visitei o Museu Afro Brasil a convite da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, mas minha opinião é isenta e reflete minha experiência real durante a visita.
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Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - São Paulo/ SP
Parque Ibirapuera - Portão 10 (acesso pelo portão 3)
Tel: (11) 3320-8900
www.museuafrobrasil.org.br
Horário de funcionamento: de terça-feira a domingo, das 10h às 17h, com permanência até as 18h
Ingressos: R$ 6 - entrada gratuita aos sábados
* Informe-se sobre as oficinas de artes
** Recebeu em 2014 o Certificado de Excelência do Trip Advisor
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